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CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO RETRÓGRADA: SALVAMENTO DO PÉ ISQUÊMICO.

Com o avanço das técnicas endovasculares, angiográficas e da microcirurgia tem sido possível a realização de procedimentos em artérias de pequeno calibre ao nível do tornozelo e do pé. No entanto, tais técnicas exigem a presença de leito arterial distal, que está ausente em muitos pacientes o que os condena a uma amputação do membro por falta de recursos terapêuticos convencionais.

A revascularização retrógrada é baseada na derivação do fluxo arterial através do sistema venoso distal, com a finalidade de atingir a microcirculação de maneira retrógrada e promovendo a melhora da dor em repouso, cicatriza­ção de úlceras e amputações menores.

Este blog irá disponibilizar aos interessados a técnica de revascularização retrograda com suas particularidades. Pretende ser um polo para a divulgação e discussão do tema com o objetivo de estabelecer um protocolo para pacientes acometidos por diferentes patologias e que apresentam isquemia crítica sem leito arterial distal (aterosclerose, diabetes melito, tromboangeite obliterante e trombose de aneurisma poplíteo).

terça-feira, 25 de março de 2014

INDICAÇÃO DA TÉCNICA DE REVASCULARIZAÇÃO RETROGRADA

A cirurgia tem indicação precisa para tratamento de isquemia crítica sem leito distal, condições encontrada em maior prevalência nas doenças abaixo:
 - Aterosclerose obliterante;
 - Diabetes melitus;
- Tromboangeite obliterante (na maioria absoluta dos seus casos);
- Aneurisma de artéria poplítea com trombose do leito distal.


 A técnica tem a finalidade de tratar dor em repouso, lesões tróficas ou promover a cicatrização de amputações menores.

HISTORICO

San Martin em 1902 realizou o primeiro procedimento no sentido de fazer chegar sangue arterial por via venosa retrógrada em territórios de grande isquemia. Da mesma época são também as constatações de Gallois e Pinatelle em 1903 de que para vencer os obstáculos das válvulas venosas se faz necessária, uma força muito maior que a pressão arterial normal (Lengua, 1984). Abalos em 1909 foi quem empregou pela primeira vez o sistema venoso superficial, para confecção de uma fístula, mediante a comunicação da safena magna com a artéria femoral. Helsted e Vaughan (1912) criticaram duramente estes procedimentos, embora Roussiel em 1919 reunindo 63 casos tenha demonstrado êxito em 25% deles (Lengua, 1984).
Szylaghyi et al. em 1951, ícone da cirurgia vascular da época, condenou o método, depois de aplicá-lo em nove casos, com 100% de maus resultados, confeccionando fístulas arteriovenosas em vasos femorais.
Root e Cruz et al. (1965) e Matolo et al. (1976) demonstraram experimentalmente que as fístulas latero-laterais permitiam um bom retorno venoso e melhores resultados, que aquelas término-laterais, que por sobrecarga venosa, levavam a edema, equimose e necrose.
            Courbier et al. em 1973 e principalmente Lengua com seus trabalhos a partir de 1974, passaram a estender suas fístulas até o pé, obtendo a irrigação dos dedos e melhores resultados do que seus antecessores.
A arterialização do pé foi empregada pela primeira vez por Lengua (1975) em um paciente diabético com resultados animadores. Sem dúvida, ela não teve uma boa aceitação e só passou a ser adotada depois que os casos tratados foram aparecendo em publicações de outras equipes de cirurgia vascular (Pokrovskii et al.,1996; Rowe,2002).
Enxertos venosos com safena reversa derivando a circulação da artéria mais distal que apresente bom fluxo, até o arco venoso do pé, foram realizados por Courbier et al. 1973; Lengua 1974, 1984, 1993, 1994, 1995, 2001; Sheil, 1977; Porkrowski et al. 1990 e 1996; Chen et al. 1998, Taylor et al. 1999, Engelke et al. 2001, Rowe 2002, Özbek et al. 2005, Gavrilenko et al. 2007, Keshelava et al. 2009, Alexandrescu et al. 2011, Djoric et al. 2011, e Mutirangura et al. 2011.
            Nós (Busato et al.,1999 e 2008) como Gasparis et al.2002 e Lozano et al. 2002, mantivemos a safena magna arterializada “in situ”.

Arterializações do arco venoso da mão tem sido realizada com sucesso por método semelhante relatadas nas publicações de Kind 2006, Pokrovski et al. 2007, Chloros et al. 2008, Nguyen et al.2011  e Matarrese 2011.

 Referencias:
·          - Lengua F. Herrera E.Z, Kunlin J. Nuevos documentos experimentales de inversion circulatoria em miembro isquemico y de inyeccion retrograda em piezas anatomicas. Diagnostico 1984;13:77-86.
·    - Szilagy D, Jay G.D, Munnell E.D. Femoral arteriovenous anastomosis in the treatment of occlusive disease. Arch Surg 1951;63:435-451.
·    - Root H.D, Cruz A.B. Effects of an arteriovenous fistula on the devascularized limb. JAMA 1965;191:645-8
·        Matolo N.M, Cohen S.E, Wolfmann Jr. E.F. Use of na arteriovenous fistula for treatment of the severely ischemic extremety: experimental evaluation. Ann Surg 1976;5:622-5.
·         - Courbier R, Jausseran J.M, Reggi M. Sapheno-femoral shunt in severe ischaemia of the lower limbs.  J Chir 1973;105:441-8.
·          - Lengua F. Technique d’artérialisation du réseau veineux du pied. Press Med 1975; 4:1039-42
·    - Pokrovskii AV, Chupin DV, Khorovets AG. Arterialization of the foot venous system in the treatment of the critical limb ischaemia and distal bed occlusion. Ang Vasc Surg 1996;4: 73-93.
·    - RoweV.L, Hood D.B, Liphan J ,Terramani T, Torres G, Katz S, Kohl R, Weaver F. Initial experience with dorsal venous arch arterialization for limb salvage. Ann of Vasc Surg 2002;16:187-192
·      - Lengua F, Nuss J.M, Lechner R, Kunlin J. Arterialization of the venous network of the foot through a bypass in severe arteriophatic ischemia. J Cardiovasc Surg 1984 ;25:357-360.
·   - Lengua F, Nuss J.M, Buffet J.M, Lechner R. Etude comparative de deux modalités d’arterialisation des veines du pied en ischémie critique. J Chir 1993;130:12-19.
·    - Lengua F. Le pontage d’artérialisation veineuse distale peut-il être bénéfique au pied diabétique avec nécrose? Chirurgie 1994-1995;120:143-152.
·       - Lengua F, Cohen R, Huillier B.L, Buffet J.M. Arteriovenous revascularization for  lower limb salvage in unreconstructible arterial oclusive disease (long term outcome). Vasa 1995;24:261-9.
·        - Lengua F, Madrid A La, Acosta C, Barriga H, Maliqui C, Arauco R, Lengua A. L’arterialisation des veines du pied pour sauvetage de membre chez l’artéritique. Technique et resultats. Ann Chir 2001;126:629-638.
·      - Sheil GR.Treatment of critical ischaemia of the lower limb by venous arterialization: an interim report. Br J Surg 1977;64(3):197-9.
·       - Pokrovski A.V, Dan V.N, Khorovets A.G, Chupin A.V. Arterialization of venous blood flow in the foot in the treatment of severe ischeamia in patients with crural arterial oclusions and non functionating plantar arch. Khirurgiia  1990;5:35-42.
·      - Chen X.S, Lin T, Chen D.L, Guan Y.B. Venous arterialization in the treatment of extensive arterial oclusion of lower  extremities. J Surg Concepts Pract 1998;3:219-221.
·         -  Taylor R.S, Belli A.M, Jacob S. The Lancet 1999; 354:1962-5.
·      Engelke C, Morgan R.A, Quarmby J.W,Taylor R.S, Belli A.M. Distal venous arterialization for lower limb salvage: angiographic appearances and interventional procedures. Radiographics 2001;21:1239-1250.
·       - Özbeck C, Kestelli M, Emrecan B,Özsöyler I, Bayatli K, Yasa H, Lafci B, Gürhüz A. A novel approach: ascending venous arterialization for atherosclerosis obliterans. Eur J Vasc Endovas Surg 2005;29:47-51
·       - GavrilenkoAV;Skrylev SI. Long-term results of venous blood flow arterializationof the leg and foot in patients with critical lower limb ischemia. Angiol Sosud Khir 2007;13(2):95-103.
·     - Keshelawa G, Gigilashvili K, Chkholaria A, Pagava G, Janashia G, Beselia K. Foot venous system arterialization for salvage of nonreconstructable acute ischemic limb: a case report. J Vasc Nurs 2009;27(1):13-6,2009.
·  - Alexandrescu V; Ngongang C; Vincent G; Ledent G; Hubermont G. Deep calf veins arterialization for inferior limb preservation in diabetic patients with extended ischaemic wounds, unfit for direct arterial reconstruction: preliminary results according to an angiosome model of perfusion. Cardiovasc Revasc Med 2011;12(1):10-9.
·     Djoric P. Early individual experience with distal venous arterialization as a lower limb salvage procedure. Am Surg 2011;77(6):726-30.
·    - Mutirangura P; Ruangsetakit C; Wongwanit C; Sermsathanasawadi N;Chinsakchai K. Pedal bypass with deep venous arterialization: the therapeutic option in critical limb ischemia and unreconstructable distal arteries. Vascular 2011;19(6):313-9.
·      - Busato C.R, Utrabo C.A.L, Housome J.K, Gomes R.Z. Arterialização do arco venoso do pé para tratamento da isquemia crítica sem leito distal. Cir Vasc & Angiol 1999;15:117-121.
·     - Busato CR, Utrabo CAL, Gomes RZ, Housome JK, Hoeldtke E, Pinto CT, Brandão RI, Busato CD. Arterialização do arco venoso do pé para tratamento da tromboangeíte obliterante. J Vasc Bras. 2008;7(3):267-271.
·    - Gasparis A.P, Noor S, Silva M. S, Tassiopoulos A. K, Semel L. Distal venous arterialization for limb salvage: a case report. Vasc Endovasc Surg 2002;36:469-472
·    - Lozano A, Melon J, Ruiz-Grande F, Nuche JM, Franco C, Sarraj A, Duarte J. Arterialización venosa distal en cirugía de salvación de extremidad. Resultados preliminaries. Angiologia 2002; 54 (3): 204-226.
·  - Kind GM. Arterialization of the venous system of the hand. Plast Reconstr Surg 2006;118(2):421-8.
·    - Pokrovski AV; Dan VN; Chupin AV; Kalinin AA. Arterialization of the hand venous system in patients with critical ischemia and thrombangiitis obliterans. Angiol Sosud Khir 2007;13(2):105-11.
·    - Chloros GD; Li Z; Koman LA. Long-term successful outcome of severe hand ischemia using arterialization with reversal of venous flow: case report. J Hand Surg Am 2008;33(7):1048-51.
·    - Nguyen PS; Legré R; Gay AM. Traitement de le main en ischémie chronique par arterialisation du système veineux superficial: àq propos de trios cas. Ann Chir Plast Esthet 2011;56(3):200-6.
·     -   Matarrese MR; Hammert WC. Revascularization of the ischemic hand with arterialization of the venous system. J Hand Surg Am 2011;36(12):2047-51.
 

·         

INTRODUÇÃO

A melhora dos materiais, das técnicas endovasculares e angiográficas e o emprego da microcirugia tem permitido a realização de procedimentos em artérias de pequeno calibre ao nível do tornozelo e do pé (Pomposelli et al, 1990). No entanto, um número apreciável destes pacientes encontra-se fora do alcance de todo recurso terapêutico convencional, tanto médico como cirúrgico (Campbell et al, 2000). Estes pacientes estão condenados a uma amputação de membro.
A aterosclerose obliterante, especialmente aquela acompanhada de diabetes melitus; a tromboangeite obliterante na maioria absoluta dos seus casos; e o aneurisma  de artéria poplítea com trombose do leito distal são condições em que encontramos pacientes em isquemia crítica sem leito arterial distal. Nesta situação, a única maneira de irrigar o membro isquêmico é derivar o fluxo arterial através do sistema venoso, com a finalidade de atingir a micro-circulação de maneira retrógrada.
As primeiras tentativas de fístulas arteriovenosas terapêuticas datam do inicio do século passado. Realizadas na parte proximal dos membros inferiores não obtiveram resultados favoráveis. A partir da década de 70, com os trabalhos pioneiros de Lengua (1975), as fístulas passaram a ser estendidas até o pé, e os bons resultados apareceram em várias publicações. 

Referências:
·  - Pomposelli FB, Jepsen SJ, Gibbon GW, Campbell DR, Logerfo FW. Efficacy of the dorsal pedal bypass for limb salvage in diabetic patients: Short term observations; J Vasc Surg 1990; 111:745-52.
·  - Campbell WB, Verfaille P, Ridler BM, Thomson JF. Non operative treatment of advanced limb ischaemia: the division for palliative care. Eur J Vasc Endovasc Surg 2000; 19: 246-49.

·   -  Lengua F. Technique d’artérialisation du réseau veineux du pied. Press Med 1975; 4:1039-42.

domingo, 5 de janeiro de 2014

ANATOMIA ARTERIAL DA PERNA E DO PÉ

A artéria poplítea após percorrer o hiato dos adutores em sua região ínfero-lateral ramifica-se:

Artéria tibial anterior: Atravessa a membrana interóssea entre o músculo tibial anterior e músculo extensor longo dos dedos e em sua região terminal se torna a artéria dorsal do pé.

Artéria tibial posterior: É continuação da artéria poplíteo, da um ramo lateral - artéria fibular, em sua região terminal se ramifica na artéria plantar medial e plantar lateral. Nutre todo o compartimento posterior da perna e do pé.

Artéria fibular: Principal ramo da artéria tibial posterior, seus principais ramos são a artéria nutrícia fibular, ramo perfurante na membrana interóssea, ramos para o músculo poplíteo, ramos maleolares terminais e laterais que se anastomosam com ramos do tornozelo e calcanhar.


A região lateral da perna é nutrida na porção proximal pela perfurante da artéria tibial anterior e em sua porção distal pela perfurante da artéria fibular.

Fonte: MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Fonte: MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

Artérias do pé
Sistema arterial dorsal do pé: Porção final da artéria tibial anterior se localiza na região antero-medial do tornozelo, seus pricipais ramos são: artéria dorsal do 1º metatarsal,  artéria plantar profunda, artéria arqueada e artéria tarsal lateral. A anastomose entre a artéria arqueada e tarsal lateral formam o arco dorsal (alça arterial).
Fonte: MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

Artérias plantares:
Artéria tibial posterior divide-se em artéria plantar medial e lateral:
·         Artéria plantar medial: Ramo da artéria tibial posterior. Possui ramos profundo e superficiais. Ramo profundo para a musculatura do hálux. Ramos superficiais para pele, face medial da planta, ramos digitais (lateral às artérias metatarsais plantares mediais).
·         Artéria plantar lateral: Ramo da artéria tibial posterior. Está profunda ao músculo adutor do hálux, distalmente se encontra entre o flexor curto dos dedos e o quadrado plantar.
Arco plantar profundo: Formado pela artéria profunda (ramo da artéria dorsal do pé) + artéria plantar lateral.
Arco plantar superficial: Formado pelo ramo superficial da artéria plantar medial + artéria plantar lateral.
Fonte: MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

Relações anatômicas:
Fonte: MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.


Referencia:
MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.





ANATOMIA DO SISTEMA VENOSO DO MEMBRO INFERIOR

A rede venosa do pé está disposta em quatro planos:

·        Superficial dorsal (1º plano): Formado pelo arco venoso que se origina da veia marginal externa (lateral). Recebe a drenagem venosa de quatro veias metatarsianas em sua margem convexa e dois ou três ramos na margem côncava fazendo continuidade com a veia marginal interna (medial) e a safena magna. O arco dorsal por ser duplo em 1/3 dos casos quando a parte medial recebe a drenagem da primeira e segunda metatarsiana.


Fonte: MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

Trajeto da veia safena magna: A veia dorsal do hálux + arco venoso dorsal drenam para a veia safena magna que ascende anterior ao maléolo medial, segue posterior ao côndilo medial do fêmur, atravessa o hiato safeno e drena para a veia femoral.

·     Profundo dorsal (2º plano) e plantar (4º plano): Acompanham as artérias digitais e metatarsianas que se comunicam respectivamente com as veias tibiais anteriores e posteriores. São duas veias para cada artéria.
Fonte: MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Fonte: MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Fonte: MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

·         Superficial plantar (4º plano): Desembocam na arcada venosa plantar que comunica-se com a safena externa (parva).
Trajeto da safena externa (parva): A veia dorsal do 5º dedo + o  arco venoso plantar desembocam na safena extena (parva) na face lateral do pé, acende posteriormente ao maléolo lateral como continuação da veia marginal lateral, percorre a margem lateral do tendão calcâneo, inclina-se para a linha mediana da fíbula e penetra na fáscia muscular, ascende entre as cabeças do músculo gastrocnêmio na face posterior do maléolo lateral e drena para a veia poplítea.

Fonte: MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.


Veias perfurantes: Veias que comunicam o sistema venoso superficial com o sistema venoso profundo. Fazem o fluxo do sentido superficial para o profundo.
Sherman (1949) descreveu 8 veias perfurantes na parte medial do pé e 7 na lateral.
Lofgren (1968) injetou pressão em veias perfurantes do arco venoso dorsal (entre o 1º e o 2º metatarsiano) e notou enchimento das veias superficiais da porção próxima, dissecou 10 extremidades amputadas encontrou 6-12 perfurantes sendo que em média 9 comunicavam o sistema profundo com o superficial. De 94 perfurantes dissecadas, 49 não tinha válvulas, permitindo o fluxo venosos em ambas as direções, 41 tinham uma válvula próxima ao sistema superficial e 4 tinham uma segunda válvula.
Outros estudos vêm comprovando essa teoria de que as veias perfurantes do pé permitem o duplo sentido de fluxo, a perfurante de maior importância é a do 1º espaço interdigital que mede aproximadamente 3 mm, chamada também de perfurante 6, que desemboca em 90% dos casos no arco venoso dorsal e algumas vezes na 1ª metatarsiana dorsal, sendo avalvulada em 93% dos casos (Lengua, 1988; Garrido, 2002).

Referências:

MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

Lengua F, Herrera JJ, Florsch CL. Etude des veines du pied par phlébographie à contrecouraant. J. Mal Vasc. (Paris) 1988; 13:344-350.

Garrido MB. Anatomia médico cirúrgica do sistema venoso dos membros inferiores. In: Maffei
FHA. Doenças vasculares periféricas. 3ª ed. Rio de Janeiro: Medsi; 2002. vol.1, p. 133-67.

 Lofgren EP, Myers TT, Lofgren KA, Kuster G. The venous valves of the foot and ankle. Surg Gynecol Obstet. 1968;8: 289-90.