Os
parâmetros adotados na avaliação de resultados das pontes clássicas não são
aplicáveis aos da arterialização.
A
manutenção da fístula arterio venosa ao nível do pé por um período superior a
30 dias induz o desenvolvimento de neo colaterais e neo arteríolas
(arteriogênese) que são evidenciadas em arteriografias de controle (figura 1 A
e B) e neo capilares (angiogênese) (figura 2 A e B) (Wahlberg et al.,2003; Mousa et al,
2004) de tal forma que sua oclusão raramente está associada a perda do membro
(Alexandrescu et al, 2011). Nas derivações clássicas a conservação do membro
está estreitamente relacionada à duração da ponte.
Figura 01 – Aumento da rede de arteríolas mantida após a
oclusão do enxerto. Fonte:
Arterialization del pie por isquemia, F Lengua A.
Figura
02 – Aumento da rede capilar mantida após oclusão do enxerto. Fonte:
Arterialization del pie por isquemia, F Lengua A.
Trabalhos
recentes de re-vascularização distal às artérias do pé mostram índices de
salvamento de membro de 81,7 e 69% em um e três anos de
seguimento(Brochado-Neto, 2012 ); 81,8% (Good et al, 2011); 89,65% (Slais et al, 2011 );
78,1 e 68,5% em 1 ano (grupo1 com tratamento cirúrgico inicial e 2 pós tentativa
de tratamento endovascular) (Spinelli et al, 2011 ); 78% em 30 meses (Staffa et al, 2010 );
50,4% em 5 anos (Brochado-Neto et al, 2010) e 76% em 24 meses (Khalifa et al, 2009).
Lengua com a arterialização obteve salvamento
de 80% com um tempo médio de permeabilidade de fístula de 8,5 meses e um
seguimento médio de 4 anos e 4 meses sem amputação maior. No entanto não há
estudo randomizado que tivesse comparado as pontes tradicionais abaixo dos
maléolos com a arterialização venosa do arco do pé. Nas revascularizações com ponte a supressão
da sintomatologia é rápida, pois se faz por via fisiológica enquanto que na
arterialização a recuperação é lenta, às vezes com certa progressão da necrose,
apesar da permeabilidade da fístula, o que se explica pela forma não
fisiológica de revascularização.
Os bons resultados das
arterializações nos diabéticos que no passado era de 64% com uma destruição mais eficaz das válvulas
atinge índices de 80%. Estes resultados foram obtidos em pacientes sem leito
distal e por isto não podem nem devem ser comparados com as revascularizações
tradicionais.
CONCLUSÃO
Os resultados de Lengua et
al. (2010) demonstraram que a arterialização do pé diabético é eficaz e durável
a médio e longo prazo devido à neo-arteriogênese e neo-angiogênese induzida
pela fístula, ainda que esta esteja patente apenas por um período médio de 8
meses. Os dados por nós apresentados têm como base apenas a observação clínica.
Apesar da literatura
mundial recente, mostrar um aumento de publicações utilizando o método, um
número expressivo de pacientes sem leito distal continua sendo levado à
amputação sem esta tentativa.
A ausência de novas
publicações nacionais a respeito demonstra que a cirurgia, ainda não é
praticada pelos cirurgiões brasileiros, com a frequência esperada.
Concluímos que a inversão
do fluxo arterial através da “arterialização” do arco venoso do pé deve ser
considerada para salvamento de extremidade com isquemia crítica sem leito
arterial distal (Busato et al., 1999).
Referencias:
· - Alexandrescu V; Ngongang C; Vincent G; Ledent G;
Hubermont G. Deep calf veins arterialization for inferior limb preservation in
diabetic patients with extended ischaemic wounds, unfit for direct arterial
reconstruction: preliminary results according to an angiosome model of
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· - Busato
C.R, Utrabo C.A.L, Housome J.K, Gomes R.Z. Arterialização do arco venoso do pé
para tratamento da isquemia crítica sem leito distal. Cir Vasc & Angiol 1999;15:117-121.
· - Lengua F; La Madrid A;
Acosta C; Vargas J. Arterializacion venosa temporal del pie diabético.
J.vasc.bras.vol 9 nº1 Porto Alegre 2010 Epub Apr 23,2010.
· - Busato CR; UtraboI CAL; Gomes
RZ; HoeldtkeI E; Housome JK; Costa DMM; Busato CD. The great saphenous vein in situ for the
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no.3 Porto Alegre Sept. 2010
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11; Chapter 9: Angiogenesis in limb ischemia. pp. 122.
· - Brochado-Neto FC; Cury MV; Bonadiman SS; Matielo MF;
Tiossi SR; Godoy MR; Nakano K; Sacilotto R. Vein bypasses to branches of pedal
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· - Slais M; Czinner P;Korisková Z; Vitásek P; Dvorácek L;
Stádler P.Pedal bypass occupies an irreplaceable position in the spectrum of
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· - Spinelli F; Stilo F; Benedetto F; De Caridi G; La
Spada M. Early and one-year results of
infrainguinal bypass after failure of endovascular therapy. Int Angiol
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· - Staffa R; Kriz Z. Pedal bypass- ten years experience.
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